A importância de um bom sistema irradiante, parte 1 - Introdução


Por Alisson, PR7GA

Provavelmente a grande maioria dos radioamadores e operadores da Faixa do Cidadão sonham em comprar rádios modernos, cheios de recursos úteis como VFO duplo, filtros diversos e ajustáveis para folia e CW, diversos modos de transmissão e conexão com computador, dupla recepção, etc. Óbvio que, havendo "areia no caminhãozinho" e/ou real necessidade destes recursos, um rádio moderno terá sempre uma grande utilidade em nossas estações.

Porém, poucos se lembram que, após o rádio, o próximo elo da corrente que se chama RADIOCOMUNICAÇÃO chama-se SISTEMA IRRADIANTE. É definido como os diversos componentes de uma estação que permitem transformar toda a RF produzida no rádio em ondas eletromagnéticas que irão viajar na atmosfera (ou fora dela) e fazer a festa do radioperador. Simplificando, trata-se das antenas e cabos coaxiais.

Fazendo uma analogia simples, se o rádio é o motor de uma estação, o sistema irradiante é o conjunto câmbio-suspensão-rodas. Continuando na analogia, muitos pensam que o motor em si encerra toda a potência de um carro, mas se o motor não estiver acoplado a um cambio-suspensão-rodas eficiente, ele simplesmente não irá conseguir despejar toda a sua potência no que realmente queremos no carro - velocidade e/ou torque (força).

Portanto, numa estação de rádio, não adianta ter um rádio moderníssimo ou super potente se ele será ligado a uma antena mal dimensionada, mal instalada ou alimentada com cabo coaxial cheio de perdas.

Nossos rádios hoje em dia estão se tornando cada vez mais sensíveis. Uma antena é simplesmente um objeto que transforma ondas eletromagnéticas em uma corrente que irá circular no cabo coaxial e chegará até o rádio, ou o caminho inverso quando estamos transmitindo. 

Para se ter uma ideia do nível de sinal que eles podem "ouvir", tomemos uma pilha pequena de 1,5V. Pegue esta tensão de 1 volt e meio e divida por 7.500.000, ou SETE bilhões e meio. O resultado é o nível de tensão que teu receptor HF pode receber. Já em VHF, o nível é ainda menor. 

Ora, imagine este sinal incrivelmente fraco sendo captado por uma antena ou cabo coaxial ruim... JAMAIS chegará ao receptor, mas ficará pelo caminho! Para se ter uma ideia, um cabo RG58 em VHF de EXCELENTE qualidade, importado, com apenas 15m de comprimento irá simplesmente MATAR METADE do sinal que é captado pela antena. E o mesmo raciocínio se aplica à transmissão. Dos 50W injetados pelo transmissor em uma ponta, ao final dos 15 metros só restarão 25W. E, repito, estamos falando de cabos importados de fabricantes renomados. O que dizer dos cabos "genéricos" que se vendem barato (ou não...) nas lojas de nossa região?

Na próxima semana falaremos sobre a importância de um bom e adequado CABO COAXIAL, e na seguinte, da ANTENA.

Abaixo, uma tabela que associa o nível do sinal na escala S e o nível de tensão correspondente.


Escala S para frequências abaixo dos 30 MHz::
Intensidade
do sinal
Tensão no receptor
S1
0,00000020 V
S2
0,00000040 V
S3
0,00000079 V
S4
0,00000160 V
S5
0,00000320 V
S6
0,00000630 V
S7
0,00001300 V
S8
0,00002500 V
S9
0,00005000 V
S9+10
0,00016000 V
S9+20
0,00050000 V
S9+30
0,00160000 V
S9+40
0,00500000 V
S9+50
0,01600000 V
S9+60
0,05000000 V



Escala S para frequências acima dos 30 MHz:
Intensidade
do sinal
Tensão no receptor
S1
0,000000020 V
S2
0,000000040 V
S3
0,000000079 V
S4
0,000000160 V
S5
0,000000320 V
S6
0,000000630 V
S7
0,000001300 V
S8
0,000002500 V
S9
0,000005000 V
S9+10
0,000016000 V
S9+20
0,000050000 V
S9+30
0,000160000 V
S9+40
0,000500000 V
S9+50
0,001600000 V
S9+60
0,005000000 V

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