Por Alisson, PR7GA
Alex Schwarz, VE7DXW, é um radioamador e pesquisador que mora na Colúmbia Britânica, Canadá. Ele está investigando a possibilidade de que “assinaturas de RF” possam detectar terremotos e até mesmo prevê-los antes de ocorrerem. Para isso, ele utiliza as leituras fornecidas por um sistema desenvolvido por ele e sua equipe, denominado "sismógrafo de RF", que mostra em tempo real a atividade e também o ruído presente em seis bandas de HF. Basicamente, trata-se de um receptor de banda larga de HF que monitora estas seis bandas simultaneamente. É um projeto do Clube de Radioamadores de North Shore (NSARC). Alex apresentou suas descobertas em abril de 2019.
Já foi documentado há algum tempo que os principais movimentos geológicos da Terra criam ondas magnéticas. Essas ondas magnéticas interagem com a RF e se manifestam como distúrbios que podem ser detectados. Alex monitorava a propagação com a intenção de estudar os efeitos do último eclipse solar. Sua descoberta mostrou que havia uma correlação entre o terremoto e a propagação, e assim o sismógrafo de RF nasceu. O sistema já acumulou cerca de 4 anos de dados que estão sendo pesquisados.
Como os terremotos geram um campo magnético que perturba a ionosfera e muda a propagação de ondas de rádio na região do terremoto
A recente descoberta do Sismógrafo de RF de que os terremotos podem ser detectados usando um receptor de RF é intrigante e valida muitas novas pesquisas que afirmam que os terremotos também criam um campo magnético que se estende à ionosfera e provoca mudanças que podem ser detectadas e medidas. Esta descoberta específica foi publicada num artigo na revista Scientific American de outubro de 2018, p. 44. O artigo foca em medições feitas no Japão, analisando como os terremotos podem criar linhas de campo elétrico que se estendem para a atmosfera.
Alex Schwarz, VE7DXW, apresentando suas conclusões
Em 01 de novembro do ano passado, houve um terremoto de magnitude 5.0 ao largo da costa da Ilha de Vancouver que foi detectado pelo sismógrafo-RF uma hora antes. Obviamente, uma hora de antecedência é bastante tempo para que haja algum tipo de preparação ou de aviso à população caso ocorra um terremoto.
A equipe que desenvolveu o sismógrafo de RF tem colaborado com a entidade que monitora e lida com terremotos no Canadá para aprimorar as conclusões. Foi fornecido à equipe de pesquisa uma lista de eventos de magnitude 6,0 ou maior desde que o sismógrafo de RF entrou em operação, e as duas equipes têm colaborado para encontrar uma correlação entre anomalias de propagação de HF e terremotos.
No momento, a pesquisa avança para correlacionar terremotos maiores que M6.0 com os 4 anos de dados acumulados até o momento pelo Sismógrafo de RF. Foram estudados até agora 171 terremotos e apenas 15 deles não tinham ruído de RF associado a eles. Alex disse que em 72% dos estudos sísmicos, o sismógrafo RF foi capaz de detectar um aumento no ruído em 80 metros, tipicamente antes e depois do evento.
O sistema usa uma antena multibanda omnidirecional para monitorar frequências usadas nos modos digitais em 80, 40, 30, 20, 15 e 10 metros. A atividade em cada banda e o ruído de fundo são registrados em seis gráficos de longa duração e separados por cores, exibindo 6 horas de varreduras. Quando há atividade em uma banda, uma série de barras verticais aparecem nos gráficos.
Não só terremotos do Canadá podem ser detectados. Mais recentemente, o sismógrafo de RF registrou o terremoto de magnitude 7,5 no Equador em 22 de fevereiro. Alex explicou que o ruído em 15 metros começou a aumentar cerca de 1 hora antes do terremoto; então, 2 horas após o terremoto terminar, a banda de 15 metros começou a voltar ao normal. O Serviço Geológico dos EUA disse que o epicentro do terremoto ocorreu a 82 quilômetros de profundidade. O terremoto não afetou os 80 metros. Alex imagina que que o terremoto foi fácil de ser detectado no sismógrafo de RF porque os 15 metros normalmente não estão abertos durante a noite - especialmente na época atual, de baixa atividade solar.
Obviamente, tudo ainda é muito novo e requer bastante pesquisa. A boa notícia é que as descobertas até agora feitas motivaram a Universidade Estadual do Arizona investir no projeto através do site SciStarter, dedicado a ajudar projetos interessantes e promissores como este. Mais um campo de pesquisa aberto pelo radioamadorismo!
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