Por Alisson, PR7GA
Semana passada, um vídeo curioso circulou nas redes sociais. Um americano interceptou e gravou comunicações feitas por clandestinos por meio dos satélites da Marinha dos EUA, ou SatCom. Para surpresa especialmente de nós, brasileiros, os piratas falavam português e conversavam sobre amenidades. Trata-se do vídeo seguinte:
Muitos conhecem e utilizam este meio ilegal de comunicação aqui no Brasil, que recebeu o nome de "satélite Bolinha". Há alguns anos atrás, houve uma grande operação da polícia federal para prender quem utilizava equipamentos para operação ilegal nestes satélites, e por conta disso, sua utilização diminuiu.
Porém, parece que seus "usuários" retornaram aos poucos. São frequentemente caminhoneiros, garimpeiros ilegais e até traficantes de drogas e o crime organizado quem mais utiliza o satélite. Por estar localizado estrategicamente para prover comunicação em todo o atlântico, é relativamente fácil operar o satélite, o que atraiu estes criminosos.
Sim, criminosos, pois utilizar equipamento de telecomunicações sem licença é CRIME federal, e tal qual a famigerada "faxinha", quem transmite é sim, um CRIMINOSO. Para informações mais detalhadas sobre o assunto, segue um texto do Adinei PY2ADN com trechos escritos também pelo Roland PY4ZBZ, com pequenas alterações minhas:
O SATÉLITE "BOLINHA"
Os satélites conhecidos vulgarmente no Brasil como “Bolinha” são os satélites geoestacionários militares norte-americanos denominados como FleetSatCom ou UHF SatCom. Estes satélites foram desenvolvidos pela RCA e foram lançados entre 1975 e 1992.
Ao contrário do que muitos imaginam, estes satélites não estão "abandonados", sendo ainda muito ativos, com intensa utilização. O que ocorre é que a maior parte das comunicações oficiais nele utilizadas são feitas em modos digitais criptografados, verificando-se mínimas atividades oficiais em modos analógicos (AM, FM,SSB).
Por serem geoestacionários e utilizarem transponders, o acionamento é relativamente fácil. Com isso muitos clandestinos passaram a utilizar indevidamente estes canais. Estes "usuários", quase todos brasileiros, são, em quase sua totalidade, pessoas ligadas ao crime organizado, em especial ao tráfico de drogas. As conversas "de bom nível social" são, em regra, senhas e contra senhas de facções criminosas.
Algumas palavras chaves ou assuntos desconexos são utilizados para dissimular ordens, apontamentos de entrega ou agendamento de reuniões desses bandos. A maior parte da utilização desses segmentos na faixa de 250 MHz com utilização clandestina tem transmissão originada na Amazônia brasileira, ou na parte sul da Colômbia. No entanto, devido a "intromissão" de caminhoneiros, serrarias e comerciantes comuns daquela região que também passaram a usar esta forma "barata" de radiocomunicação, o crime organizado está migrando a maior parte de suas comunicações para os satélites militares geoestacionários da faixa de 6 GHz.
A utilização desses satélites é ilegal, e seu uso configura crime (artigo 183 da Lei 9472/97), sendo que autoridades norte-americanas e brasileiras estão empenhadas na identificação dos "usuários" desses satélites, até mesmo devido a ligação da maioria deles com o narcotráfico e com o crime organizado. Os militares norte-americanos realizam a triangulação dos sinais de emissão com grande precisão e repassam esses dados as autoridades brasileiras, que já tem efetuado dezenas de apreensões nesse sentido. O próprio Fernandinho Beira Mar foi localizado na Colômbia devido a triangulações de suas comunicações usando o SatCom.
Em São Paulo, equipamentos de transmissão para o "Bolinha Sat" (em sua grande maioria transverters para utilização com rádios VHF) foram aprendidos com quase todas as grandes "lideranças" do PCC que foram presas nos dois últimos anos... Aliás, dois radioamadores "fabricantes" de transverters para o Bolinha Sat estão presos por fornecerem equipamentos e tecnologia para a facção criminosa (eles sabiam o que estavam fazendo e qual seria a utilização).
Depois de uma operação de apreensões desencadeada por autoridades brasileiras, com suporte da inteligência militar norte-americana para localização, muitos que o utilizavam chegaram até a desmontar seus equipamentos e até retirar suas antenas. Portanto, se você tem equipamento que possa TRANSMITIR nessa faixa, tome absoluto cuidado! Não caia na "tentação" de realizar algum contato, pois as conseqüências podem ser muito sérias, problemáticas e complicadas!
No entanto, escutar emissões de radio não é crime, e para quem tem interesse em apenas "corujar" essas freqüências, [basta um] receptor com cobertura na faixa de 250 a 260 MHz. Deve-se levar em conta que por ser emissão de um satélite, os sinais são muito fracos, portanto [deve-se utilizar uma antena direcional, além do] menor comprimento possível de cabo coaxial entre o receptor e a antena. A solução é usar a antena "na mão" mesmo, com o menor comprimento possível de cabo coaxial!
Para facilitar a localização do satélite com a antena direcional, deixe o receptor na freqüência de 244,125 MHz, onde existe um beacon, ou 250,550 MHz, onde existe um sinal de telemetria contínuo.
Boas escutas!
Adinei, PY2ADN
Roland, PY4ZBZ
Fonte: http://www.dunkelheit.com.br/satcom/docs/Satelite-Bolinha.pdf
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