Radioamadores médicos participam de importante pesquisa contra a COVID-19

Por Alisson, PR7GA

O radioamadorismo normalmente presta grande ajuda em emergências, porém muitos trabalham em prol da sociedade também quando estão longe de suas estações. Este é o caso do Dr. Scott Wright, K0MD, que é médico cardiologista na prestigiada Mayo Clinic em Rochester, MN. Juntamente com o também radioamador Dr. Peter Marx, AB3XC, que trabalha como diretor na FDA, o órgão regulatório da área de remédios e alimentos dos EUA, ambos estão envolvidos numa pesquisa que tem grande potencial de salvar vidas em meio à pandemia da COVID-19, o tratamento com plasma convalescente. Esta é a única terapia baseada em anticorpos disponível atualmente para estes pacientes.

Dr. Scott Wright, K0MD

Dr. Peter Marx, AB3XC

A pesquisa na qual os dois colegas radioamadores estão trabalhando é um projeto onde o governo dos EUA e a Clínica Mayo colaboram no acesso ao plasma convalescente para pacientes nos Estados Unidos que estão hospitalizados com COVID-19. Mais informações podem ser obtidas no site oficial do projeto: www.uscovidplasma.org.

O estudo começou no início de abril e tem a participação de outros proeminentes médicos e instituições, Já foram publicados estudos com 5.000 e 20.000 pacientes e segue em ritmo acelerado, já que estudos similares costumam levar de alguns meses a um ano para chegar a estes resultados. Dr. Wright acrescentou que a FDA "fará um anúncio em uma semana ou menos sobre os benefícios do plasma convalescente. Estamos trabalhando em uma terceira publicação agora para submeter a uma importante revista médica internacional para publicação, versando sobre o uso de plasma convalescente para redução da mortalidade em COVID-19".

Nosso colega radioamador acrescentou: "Começamos em menos de uma semana. A maioria dos estudos recruta 2500-5000 pacientes. Recrutamos mais de 30.000 pacientes em 10 semanas, superando todas as expectativas. Temos cooperação de hospitais em todos os 50 estados e territórios dos EUA e mais de 8000 cientistas médicos que trabalham conosco como pesquisadores em seus hospitais. Também ajudamos a gerenciar o início da coleta de plasma convalescente pelas grandes organizações de sangue como a Cruz Vermelha Americana e outras, ajudando a conectar estrategicamente grupos de doadores e pessoas dispostas a doar com os centros de coleta de sangue".

Como radioamador, o Dr. Wright destaca que o código de ética do radioamadorismo, juntamente com seu dever como médico o impelem a dar o seu melhor, juntamente com o colega Dr. Marks da FDA. Ele considera o estudo bastante promissor para salvar vidas em meio à esta pandemia. Em Agosto, ele estará falando sobre o assunto numa conferência de radioamadores nos EUA chamada QSO Today Ham Radio Expo, destacando inclusive como o radioamadorismo o ajudou a assumir um papel de liderança nesse importante programa médico em tempo recorde, exatamente como acontece na maioria das emergências, mas com a diferença que agora a escala é muito maior.

Veja abaixo uma entrevista que o Dr. Wright, K0MD deu ao famoso Bob Heil, K9EID, aonde ele fala sobre a pesquisa e o quanto ela é promissora:



A TERAPIA DO PLASMA CONVALESCENTE NO BRASIL 


Segundo Nota Técnica n° 21/2020-CGSH/DAET/SAES/MS é permitido no Brasil a coleta e e transfusão de plasma de convalescentes para uso experimental no tratamento de pacientes com COVID-19. A transfusão de plasma convalescente é considerada um tratamento experimental, pois os estudos clínicos foram iniciados, mas ainda não foram concluídos. Sabemos que existem evidências de que o plasma convalescente ajudou pacientes com outras doenças, mas médicos e pesquisadores não saberão quão eficaz será o plasma convalescente no tratamento de pacientes com COVID-19 até que mais estudos sejam concluídos.

Enquanto as opções para o tratamento da COVID-19 estão evoluindo, o plasma convalescente pode ser considerado e pode ajudar alguns pacientes com doença moderada ou grave.

Terapia antiga

A coleta e transfusão de plasma convalescente como tratamento foi usada pela primeira vez na década de 1890 e ajudou a reduzir a gravidade de vários surtos de doenças infecciosas antes do desenvolvimento da terapia antimicrobiana na década de 1940 e na pandemia da gripe espanhola em 1918.

No início do século 20, o tratamento com plasma convalescente foi usado durante surtos de várias doenças infecciosas, incluindo sarampo, caxumba e gripe. Mais recentemente, foi usado durante a pandemia de gripe H1N1 em 2009 e novamente em 2013 durante o surto de Ebola na África Ocidental.



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