Em 1928, uma expedição ao Polo Norte a bordo de um dirigível foi organizada pelo italiano Umberto Nobile. A tripulação contou com quinze italianos, um físico checo, um meteorologista sueco, além do próprio Nobile. Antes do início da expedição, a tripulação do “Itália” foi recebida pelo Papa Pio XI no Vaticano.
O chefe e organizador da expedição, Umberto Nobile.
Em 5 de abril de 1928, a expedição partiu de Milão e chegou a Spitsbergen em 8 de maio, em meio a péssimas condições do tempo. Finalmente, à meia-noite de 24 de maio a aeronave com dezesseis passageiros atingiu o Pólo Norte. Dois membros da expedição não participaram.
Pouco antes da partida, vemos Nobile na cabine do dirigível
A viagem de regresso também ocorreu em condições meteorológicas severas com um forte vento de proa. A aeronave acabou ficando congelada, e em dado momento começou a cair, acabando por colidir com o gelo. A catástrofe ocorreu em 25 de maio. O suporte traseiro do motor bateu no gelo, e o tripulante que estava nele não resistiu ao impacto. Parte da cabine de controle desprendeu-se do dirigível e foi jogada no gelo com nove pessoas em seu interior, incluindo Nobile. Seis pessoas continuavam a bordo da aeronave, que começou a subir novamente ao sabor do vento, sendo impelidas em direção ao desconhecido. Elas nunca foram encontradas.
O acampamento no gelo, com a antena improvisada em destaque.
A tripulação no gelo conseguiu economizar parte dos suprimentos e equipamentos, incluindo comida, rádio transmissor e conseguiram armar uma tenda. Uma antena de 1/4 de onda foi erigida usando partes da cabine. Apesar de várias tentativas, o operador de rádio não conseguiu estabelecer contato com o navio que dava apoio à expedição, o "Citta di Milano". O navio, sem perceber o desastre ocorrido, continuava a diariamente transmitir informações inúteis, sem prestar atenção aos pedidos desesperados de socorro. Diante disso, três pessoas decidiram abandonar o acampamento e tentar chegar a uma ilha próxima a pé. Destas, duas foram posteriormente resgatadas e uma morreu durante a travessia. O operador de rádio, Giuseppe Biagi, e o equipamento utilizado para contatar No dia 3 de junho, Nikolai Schmidt, um radioamador da província de North-Dvinskaya, conseguiu ouvir os sinais de rádio da expedição e informou Moscou por telegrama. Em 4 de junho a informação de que Umberto Nobile e parte de sua equipe estavam vivos chegou ao governo italiano. Em 8 de junho finalmente o navio de apoio da expedição conseguiu estabelecer contato com o operador de rádio da expedição, que deu as coordenadas exatas para o resgate.
O avião sueco que conseguiu encontrar os sobreviventes
Os sobreviventes, juntamente com a tripulação do navio que os resgatou.
Vários países organizaram operações de resgate como Itália, Noruega, União Soviética e outros, mas só em 23 de junho, quase um mês após o acidente, um avião da força aérea sueca pousou no gelo onde o acampamento estava localizado. Havia apenas um assento de passageiro no avião, e Nobile foi levado para o navio de apoio "Citta di Milano" para comandar a operação de resgate para salvar o restante participantes de sua expedição. Em 12 de julho de 1928, a tripulação e os membros sobreviventes da expedição foram finalmente resgatados.
Cartaz de divulgação da DXpedição comemorativa dos 90 anos da epopeia do ITALIA
Esta incrível história aconteceu há 90 anos. Para comemorar esta data, uma outra expedição foi organizada para ir até o Pólo Norte. Junto com a expedição, haveria também um conteste comemorativo com a distribuição de diplomas para os que conseguissem fazer QSO com a expedição, que utilizaria o indicativo especial II0PN. Porém, devido a uma trágica coincidência, esta nova expedição enfrentaria um destino semelhante à trágica expedição de 1928.
O navio MEA LUX, utilizado na DXpedição.
No dia 2 de agosto, o navio que levava a expedição, o Mea Lux, encontrou uma forte tempestade na costa sul de Svalbard, na Noruega. Ondas de 5 a 6 metros de altura deixaram o navio sem rumo. Em dado momento, houve fogo a bordo e o barco começou a fazer água. Nem o telefone celular nem o serviço de telefonia via satélite funcionaram. Porém, os pedidos de socorro de Simone Orlandini IU5KUH foram ouvidos por uma rede de escuta e ajuda marítima que existe em 14.300KHz e a Guarda Costeira da Noruega foi despachada. Todos a bordo foram transportados de helicóptero para a segurança. A expedição e o iate, no entanto, foram abandonados.
Simone Orlandini, IU5KUH, na ilha de Svalbard, Noruega.
Estas duas histórias poderiam ter um final trágico, caso não fosse o uso do rádio, e mais ainda, da ajuda do radioamadorismo, este nosso incansável e invencível hobby que tem ajudado e muitas vezes tem sido decisivo no resgate de inúmeras situações de emergência ao redor do mundo e através dos tempos. Viva o radioamadorismo!!!
Fontes:
http://nobile90.hamlogs.net/rulesen.pdf?1
https://en.wikipedia.org/wiki/Airship_Italia
https://blog.marinetelecom.net/2009/12/22/listening-to-the-maritime-mobile-service-network-on-14300mhz-ssbamateur-radio20-meters/http://forums.qrz.com/index.php?threads/amateur-radio-newsline-report-2129-for-friday-august-17-201.624400/http://www.south-pole.com/aspp015.htm
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É fascinante ler este documentário sobre o nosso hobe, mesmo que se considerem ultrapassado, ainda tem muita utilidade. Por PY1PET Moisés
ResponderExcluirCom certeza, Moisés. Esta é apenas uma história entre inúmeras. Forte 73!
ExcluirMoisés , opraser de ser RADIOAMADOR nos impele a prosseguimos! Não da para explicar como é praseiroso! Continuar é o objetivo parabéns a todos! 73/ de PY2YJV
ResponderExcluirÉ verdade! Forte 73!
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