Por Alisson, PR7GA
O radioamadorismo é algo fantástico. Suas inúmeras modalidades permitem que o aficionado possa encontrar instrução e sobretudo diversão em praticamente qualquer área aonde a radiofrequência seja um elemento integrante. Porém, muitos deixam de usufruir dessas inúmeras possibilidades por desconhecimento.
Por exemplo, normalmente se ouve pelas faixas e fora delas que a banda de 2m só serve para contatos de curtíssima distância, em comparação às faixas de HF. E, infelizmente, como a quase totalidade dos rádios disponíveis para esta faixa só opera no modo FM, além da imensa proliferação de rádios chineses de baixa potência, é difícil falar algo diferente.
Já relatamos aqui no QTC sobre as experiências que nosso colega Renato PU7KRE tem realizado, conseguindo contatos com Rio de Janeiro e outros estados distantes. Agora, a história se repete.
Semana passada o Alexandre, PY7AHA de Santa Cruz do Capibaribe conseguiu um feito inédito para ele, quando fechou um contato com o Marcos, PY1MHZ, distante mais de 1600km de seu QTH. Obviamente, como requer o bom radioamadorismo, foi de antena a antena, sem internet nem quaisquer outros atalhos. Foi no dia 23/04.
No dia 20, o contato foi com o colega Christian, PS7MW, da cidade de Natal. E na quinta-feira, dia 25, Alexandre fechou com PP2CC, Rans, do estado de Goiás.
Aliás, tudo começou com um simples convite num grupo de whatsapp:
"Alguém para teste em VHF ou UHF?" Assim o colega Christian, já experimentado no assunto e detentor até pouco tempo atrás do recorde sulamericano em distância em VHF. Alexandre resolveu atender ao convite-desafio, e assim ambos fecharam contatos em 2m e 70cm em FT8. Do lado de Christian, uma antena omnidirecional vertical GP9, e do lado do Alexandre, uma direcional Yagi de apenas 5 elementos. Foi vencida uma distância em linha reta de aproximadamente 260Km, utilizando a propagação direta.
Animado com o resultado, PY7AHA virou a antena para o sul/sudeste e iniciou a chamada geral. Finalmente, na terça feira, dia 23, por meio de reflexão por meteoritos, o seu sinal chegou até o Marcos PY1MHZ e eles conseguiram fechar o contato. Desta vez, foram vencidos mais de 1600Km!!!
E no dia 26, foi a vez de fechar contato com Goiás com o colega Hans, da cidade de Luziânia, pouco menos de 1600Km.
Ilustração de como funciona um contato via reflexão meteórica. Os meteoritos, ao atravessarem a atmosfera, deixam um rastro de íons que funcionam como uma espécie de "espelho" para as ondas de rádio, que assim são refletidas de volta à Terra.
O setup do Alexandre é, nas suas próprias palavras, um dos mais simples dentre os que costumam se aventurar pelos mares quase imprevisíveis do DX nas bandas altas: Um FT-897D, 50W de potência e uma antena direcional Yagi de 5 elementos. Porém, o seu sucesso demonstra que, para iniciar na "brincadeira", não são necessários radios caríssimos, nem antenas gigantescas e empilhadas.
Aliás, não é nem absolutamente necessário um rádio com banda lateral ou mesmo usar um modo digital. Um simples rádio base com boa qualidade de recepção e uns 50W de potência, dos que compõem a grande maioria das estações que operam em 2m, já é o suficiente. Isso, aliado a uma boa dose de paciência e uma boa antena.
O Christian relata um recorde pessoal, quando conseguiu atracar uma repetidora localizada na Serra da Jibóia, na Bahia. Na época, ele operava de um prédio de 27 andares e utilizava 4 antenas empilhadas direcionadas para o sul. Veja o vídeo abaixo, gravado por ele:
Incrivelmente, ele só precisou de 15W para acionar aquela repetidora e conversar com um colega de Feira de Santana. Foram 901Km em fonia FM, um feito e tanto.
Sentiu-se instigado a tentar fazer DX em VHF e UHF? Nos próximos QTCs estaremos relatando mais informações para ajudar aos colegas que queiram também atender ao convite: "Alguém para teste em VHF ou UHF?"
Agradecemos as informações do Christian e do Alexandre, que gentilmente cederam tempo para atender à equipe do QTC da ECRA.
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